Tarso Genro também alfinetou Ana Amélia Lemos, sem citar seu nome: “Agora tem uma candidata que está processando seu próprio partido” | Foto: Juliano Antunes/Sul21 |
“Se fosse pela mídia, não existia Bolsa Família e ProUni”, diz Tarso em convenção que oficializou sua candidatura
Por Débora Fogliatto, no Sul21*
Dezenas de militantes e políticos se reuniram neste sábado (28), apesar da chuva e da data que coincide com o jogo do Brasil na Copa do Mundo, para o lançamento oficial das candidaturas da Unidade Popular pelo Rio Grande. A coligação que defende as candidaturas do atual governador Tarso Genro (PT), com Abigail Pereira (PCdoB) como vice e Olívio Dutra (PT) para o senado une os petistas a PCdoB, PTB, PTC, PPL, PR e PROS.
A sede do PT, na Avenida João Pessoa, em Porto Alegre, ficou pequena para abrigar todas as pessoas que tentavam ouvir os discursos dos candidatos. Na convenção, o partido defendeu o projeto de governo feito por Tarso enquanto governador e por Lula e Dilma no Brasil. Olívio Dutra, um dos nomes mais conhecidos e queridos dentre os petistas, resumiu o projeto da coligação ao afirmar que quer “um estado, cidade e país para todos, e não para poucos”.
A oficialização do nome de Olívio como candidato ao Senado confirmou a empolgação que sua candidatura trouxe à Unidade Popular. A última vez que ele havia tentado um cargo público foi na disputa pelo Palácio Piratini em 2006, quando foi derrotado por Yeda Crusius (PSDB) e depois disso optou por ficar presidindo o diretório gaúcho do PT. Agora, seu nome surge como uma alternativa da Unidade Popular para fazer frente à candidatura do ex-jornalista da RBS Lasier Martins (PDT).
“Nós queremos um estado que não seja privatizado, que seja público. Queremos reforma agrária, urbana, tributária e política”, afirmou Olívio durante sua fala. Ele foi ovacionado pelos presentes, que cantavam “Olívio de novo, senador do povo!”. Em entrevista à imprensa, Tarso classificou como “extraordinária” a entrada de Olívio à campanha.
Sua fala foi seguida pela do governador Tarso Genro, que no inicio da convenção vestia uma gravata lilás. Ele contou que muitos companheiros de partido o questionaram sobre o porque dele estar utilizando a peça, que não costuma integrar o vestuário dos políticos do PT, que preferem adotar visuais mais casuais.
“Em primeiro lugar, estou vestindo lilás para homenagear as mulheres. Mas também, porque quero tirar a gravata aqui. Tiro a gravata para simbolizar o serviço, trabalho e unidade aqui presentes”, explicou, destacando que “todo mundo aqui está sem gravata” ao tirar a peça.
Militantes, lideranças e políticos lotaram o auditório da sede do PT de Porto Alegre na manhã deste sábado (28) | Foto: Juliano Antunes/Sul21 |
Críticas à mídia e adversários
Como é de costume em seus discursos, Tarso fez algumas críticas à grande mídia, dizendo não ser “como aqueles que fizeram sua vida atacando a política e os partidos, como faz a grande mídia no país”. Em entrevista à imprensa após a convenção, ele destacou que o monopólio da mídia, no entanto, não é mais tão grande quanto há dez anos, devido ao surgimento das redes sociais e de “novos órgãos de imprensa locais e regionais que fazem um contraponto”.
O governador ressaltou ser contra qualquer tipo de censura ou controle de conteúdo, mas lembrou que “se fosse pela mídia, o Lula jamais teria sido eleito. Se fosse pela mídia, não existia Bolsa Família, ProUni, política para agricultura familiar”. Ele afirmou que quer ser reeleito para que “o Rio Grande não volte para o atraso, repressão a movimentos sociais e autoritarismo”.
O governador destacou as “grandes lutas e transformações” feitas pelo povo gaúcho ao longo da história, destacando a participação do PT no combate à ditadura e na campanha da legalidade, aproveitando para criticar as escolhas recentes do PDT: “Leonel Brizola deve estar se revirando na tumba pelos acordos feitos por seu partido”, brincou, referindo-se às alianças do partido na chapa composta por PEN, DEM, PSC e PV.
Tarso destacou a necessidade da união e do “discurso transformador”. Ele também alfinetou a candidata de oposição Ana Amélia Lemos (PP), sem citar seu nome, mencionando que “agora tem uma candidata que está processando seu próprio partido”. Ele se refere ao processo protocolado pela candidata e outras lideranças de diretórios do PP do Rio Grande do Sul, de Minas Gerais, de Santa Catarina e do Rio de Janeiro para anular a decisão da executiva nacional do partido de apoiar a presidenta Dilma Rousseff (PT), que foi negada em caráter liminar na sexta-feira (27) pelo Tribunal Superior Eleitoral.
Copa do Mundo e dívida externa
Para finalizar seu discurso, Tarso falou da Copa do Mundo, lembrando que os adversários políticos “apostaram tudo em ligar o fracasso da Copa ao fracasso do governo”, o que não se concretizou. “Agora todo mundo está dizendo que essa é a melhor Copa”, afirmou, atribuindo isso a governo “com princípios e boa administração”.
Para ele, apesar de a conquista do título mundial ser importante, o sucesso da Copa já está concretizando com os elogios internacionais e tranquilidade com que o evento está ocorrendo. “O Brasil já é vitorioso, a presidenta Dilma já é vitoriosa”, reiterou.
Questionado sobre as críticas dos adversários quanto à dívida externa, Tarso se mostrou tranquilo em responder que as opiniões são coerentes com a visão que seus oponentes tem. “O que eles queriam é aumentar o arrocho salarial e diminuir o serviço público. Esse é o dogma que está sendo aplicado na Espanha, sendo defendido pelo Aécio Neves (PSDB, candidato à presidência) e que identifica o projeto neoliberal em todo o mundo”, esclareceu.
Ele disse que o PT tem uma visão diferente, de apostar no serviço público. “Tem que sair da crise crescendo, mas não colocando nas costas dos mais pobres, como querem fazer nossos adversários. Cada um tem a sua escola de pensamento econômico”, resumiu.
*Via http://www.sul21.com.br/
**Nota deste Blog: Dentre os candidatos
do partido ontem confirmados na Convenção, está este Editor, que concorrerá a
deputado estadual pelo PT/RS. (Júlio Garcia)
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