Brasil de Fato conversou com jovens cubanos sobre o atual momento da ilha e as propostas para tirar o país da crise
As celebrações populares se espalharam por toda a ilha. Em todas as ruas, multidões de pessoas se reuniam para assistir ao desfile daqueles jovens que durante anos enfrentaram a ditadura. Tudo parecia um carnaval.
Seis longos anos de luta popular, contra todas as probabilidades do realismo político, tinham passado até que finalmente ocorrera a queda da ditadura de Fulgencio Batista no 1º de janeiro de 1959. Os acontecimentos naquela pequena ilha do Caribe, até então praticamente desconhecidos pelo resto do mundo, logo se tornaram um verdadeiro terremoto social, cultural e político em todo o mundo.
A Revolução Cubana rapidamente se tornou um dos eventos mais importantes da América Latina e do Caribe. Toda a história da segunda parte do século XX no continente esteve profundamente marcada pela influência da revolução naquele pequeno país que fez com que “pela primeira vez o socialismo falasse espanhol”.
'Uma potência do aprendizado pode nos levar adiante'
Assumir os desafios da Revolução implica ser capaz de responder à pergunta: “O que significa o socialismo em Cuba hoje? Depois da reforma econômica, depois do nascimento do setor privado com a desigualdade e em meio à crise de um confronto total com a presidência dos EUA”, aponta.
“O que significa o socialismo? Não apenas para Cuba, mas para a esquerda latino-americana que ainda hoje olha para Cuba como um farol e um ponto de referência. Não apenas por sua resistência, mas pela possibilidade de um desenvolvimento positivo da própria revolução que encontre soluções para desafios sem precedentes para nós, mas também para o resto da esquerda que está buscando, em meio à crise, uma saída. E que sabe que ela existe, mas ainda está procurando por ela".
Ressalta que essas perguntas não podem ser respondidas com as certezas do passado. São as novas gerações que devem assumir seu compromisso histórico com uma Revolução que tenha a capacidade de se projetar no futuro.
“Como disse Frantz Fanon, cada geração deve encontrar sua própria missão e cumpri-la ou traí-la. Há um desafio geracional no socialismo cubano e na Revolução Cubana, o que implica falar um idioma e reformular um conjunto de ideias que não têm a ver apenas com a tradição. Elas não têm a ver apenas com Martí e Fidel. Mas com os desafios históricos que, precisamente, o triunfo das ideias daquela geração, o triunfo de uma opção radical pela independência e pela justiça social, apresentam neste século”.
Como em qualquer processo de debate e renovação, Teuma ressalta que a busca por novas perguntas e respostas é sempre um processo complexo.
“Acho que será um debate incômodo, justamente porque as novas ideias não podem deixar de ser incômodas, porque implicam em tirar do lugar aqueles lugares onde nos sentimos confortáveis por tanto tempo, lugares discursivos, lugares intelectuais, lugares políticos, e nos sentirmos expostos à nova situação, a perguntas para as quais provavelmente ainda não temos respostas, mas para as quais é imperativo que as encontremos”.
'Lutamos porque exista esperança no mundo'
Como parte das profundas tradições internacionalistas da Revolução, uma parte da juventude cubana assume o projeto revolucionário na ilha como uma extensão das lutas globais por um mundo sem opressão. Uma luta que, assim como em 1959, deve continuar escapando de toda a “miséria do possível”, lutando contra toda a adversidade do “não é possível” e continuando sonhando com um mundo diferente.
Um povo que ainda acredita na construção da Revolução
A revolução nunca foi igual a si mesma. Cada época, com seus desafios, sucessos e erros, significou “revolucionar a revolução”. E toda revolução, para ser verdadeira, precisa da participação ativa do povo trabalhador.
"Se conseguirmos mobilizar essa força, se essa força não for deixada para trás e for colocada na tarefa de aprofundar o socialismo, então teremos uma revolução por muito tempo", afirma.
*Edição: Lucas Estanislau - Via BdF
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