Correspondente do Brasil de Fato, Lorenzo Santiago analisou o embate entre Colômbia e EUA no Central do Brasil
Por Luana Ibelli*
O ministro das Relações Exteriores da Colômbia, Luis Gilberto Murillo, anunciou neste domingo que o país "superou o impasse com os Estados Unidos" e vai aceitar receber os voos de deportação de colombianos que estavam ilegais no país.
O embate entre Estados Unidos e Colômbia começou mais cedo no domingo, quando o presidente colombiano, Gustavo Petro, proibiu que dois aviões militares com deportados pousassem na Colômbia. Ele afirmou que os deportados devem ser tratados com dignidade e respeito e que apenas receberia voos civis. A reação de Trump foi imediata: em sua própria rede social, a Truth Social, ele anunciou que iria impor tarifa de 50% sobre produtos colombianos, além de outras sanções e retaliações.
A resposta do presidente Gustavo Petro também foi rápida: em uma longa carta publicada nas redes sociais, Petro se referiu a Trump como "escravista", disse que também elevaria as tarifas dos produtos estadunidenses e que direcionaria as exportações da Colômbia para o resto do mundo.
Após o anúncio de que o impasse com os Estados Unidos foi resolvido, a Casa Branca afirmou que vai suspender as sanções e tarifas contra o país.
O ministro das Relações Exteriores da Colômbia e o embaixador Daniel García-Peña vão para Washington discutir melhor o acordo de deportação entre os dois países.
No Central do Brasil desta segunda-feira (27), o correspondente do Brasil de Fato na Venezuela, Lorenzo Santiago, repercutiu o embate. Ele conversou com fontes na Colômbia, e afirma que a avaliação geral é positiva quanto ao fato de Gustavo Petro ter se posicionado firmemente contra as políticas de Trump, apesar do poder estadunidense ter prevalecido.
"Para os militantes do governo, do Pacto Histórico, foi um passo positivo e importante do Petro de colocar essas barreiras para os Estados Unidos, mesmo que ao final do dia essas ameaças, esse assédio do governo estadunidense tenha acabado prevalecendo. O governo Trump ameaçou colocar tarifas de 25% sobre os produtos colombianos. Hoje, as exportações da Colômbia são muito mais dependentes dos Estados Unidos do que o contrário, mais ou menos 37,9% das exportações colombianas vão para os Estados Unidos, então teria um impacto tremendo nas exportações dos produtos colombianos", explica.
A Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), vai fazer uma reunião de emergência na quinta-feira (30) e um dos assuntos em pauta é a migração. Santiago avalia que essa união pode ser uma ferramenta de pressão contrária às políticas de Trump.
"Essa é a principal ferramenta que os países latino-americanos têm hoje, uma união para fazer essa pressão. Assim como Petro sinalizou que faria, todos os países latino-americanos que estejam recebendo esses deportados podem colocar tarifas em produtos estadunidenses. É óbvio que aí você mexe justamente nessa correlação de forças na América Latina, porque têm outros agentes, como os chineses, com interesse em, por exemplo, colocar produtos industrializados, que são o principal ponto de exportação dos Estados Unidos, para nós, latino-americanos. Mexer com isso facilita a vida dos chineses, por um lado, mas justamente coloca barreiras para os Estados Unidos não imporem esse tipo de medida."
Confira a entrevista e outros assuntos no programa completo, disponível no YouTube do Brasil de Fato.
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O Itamaraty também vai pedir explicações ao governo estadunidense pelo tratamento degradante oferecido aos deportados. Cidadãos brasileiros foram algemados e acorrentados em voo de volta.
E ainda: milhares de palestinos começam a voltar para o norte da Faixa de Gaza.
O Central do Brasil é uma produção do Brasil de Fato. O programa é exibido de segunda a sexta-feira, ao vivo, sempre às 13h, pela Rede TVT e por emissoras parceiras.
*Edição: Nicolau Soares - Fonte: BdF
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