As coisas já andaram mais tranquilas no andar de cima. Até o impeachment de Dilma, todos pareciam falar a mesma língua. Agora, o conflito de interesses salta aos olhos e ouvidos mais atentos.
Ainda ontem, numa entrevista publicada na Folha, o ministro Gilmar Mendes criticou os abusos cometidos por procuradores e juízes de primeira instância e disse que o Brasil estava uma bagunça de A a Z.
Hoje, foi a vez do presidente do Senado Renan Calheiros. Após sair de uma conversa com o presidente Temer (detalhe muito importante), Renan soltou a língua e se mostrou particularmente indignado com a prisão de funcionários do Senado a serviço de senadores.
Sobrou até para o candidato da Globo em 2018, o juiz Moro. Embora não tenha se referido a ele mas ao juiz Vallisney de Souza Oliveira, Renan tratou o juiz de primeira instância (como Moro) por juizeco:
Tenho ódio e nojo a métodos fascistas. Como presidente do Senado, cabe a mim repeli-los. Um juizeco de primeira instância não pode, a qualquer momento, atentar contra qualquer poder. É preciso que juiz demonstre que fatos gravíssimos que embasaram a prisão. Busca e apreensão no Senado só pode ser feita por decisão do STF.
Na verdade, todo esse jogo de cena tem apenas um propósito: parar a Lava Jato por aqui. Renan, pelas acusações que existem contra ele e seus colegas do PMDB. Gilmar, pelos seus queridos tucanos.
Nesse primeiro momento, os interesses do PSDB e do PMDB em parar a Lava Jato são coincidentes. Mais adiante é que eles vão brigar para ver quem vai ficar com os despojos do país que estão destruindo.
*Por Antônio Mello (Editor do Blog do Mello, fonte desta postagem)
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