É infinita a hipocrisia da mídia no caso Temer-Geddel-Calero. Ela finge surpresa e indignação com a conhecida máquina de corrupção do PMDB.
Ora, ora, ora.
É como se a imprensa estivesse falando: não temos nada a ver com essa roubalheira.
Mas tem. Temer na presidência é filho das grandes empresas jornalísticas. Sem elas, ele seria ainda o vice decorativo que sempre foi, o antiquado homem das mesóclises ancestrais.
Nenhuma manobra pró-golpe teria sido bem sucedida sem o apoio vital, e aberto, da imprensa.
Fica claro que a mídia jamais se preocupou verdadeiramente com a corrupção.
O que esperar de um governo do PMDB senão corrupção, corrupção e ainda corrupção? Ninguém conhecia Temer e sua folha corrida, um veterano de 75 anos? E Eduardo Cunha, era desconhecido? E Jucá, e tantos outros?
Se fossem bons os propósitos das empresas jornalísticas, e genuíno seu desejo de combater a corrupção, elas jamais teriam colocado Temer onde ele — precariamente, a esta altura — está.
Mas não. Era falácia, era manipulação, era uma pregação ininterrupta destinada a sabotar Dilma e, derrubada ela, avançar sobre as conquistas sociais da Era PT.
Quanto menores os direitos trabalhistas, maiores os lucros da Globo, Abril, Folha etc. Esta a real razão da campanha contra Dilma.
Jamais teve nada a ver com corrupção, e é patético observar agora a simulação de espanto de jornais e revistas com as revelações que hora a hora aparecem.
De novo: se o objetivo da mídia fosse estancar a corrupção, Temer estaria reduzido ao que sempre foi.
Devemos Temer — e Geddel, e todo este caos político — à imprensa, por mais que ela finja nada ter a ver com isso.
*Por Paulo Nogueira, jornalista - Editor do Diário do Centro do Mundo, fonte desta postagem.
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