Tem
dias que a gente se sente
Como quem partiu ou morreu
Chico Buarque sentiu-se desconfortável. Mas, como é homem de
palavra, não revogou a cessão de sua música “Roda Viva” do programa de extinto
jornalismo que leva este nome da TV Cultura. “”Chico (…) deu autorização para o
uso da canção no programa e vale o que está escrito” disse a assessoria do
compositor. Já o UOL diz que, como não havia nada escrito, foi Chico quem
tirou.
A gente quer ter voz ativa
No nosso destino mandar
Mas como pistoleira que virou, a TV Cultura se antecipou e baniu
o Chico Buarque que por tanto tempo lhes cedeu a música,
com a desculpa esfarrapada de que ” já previstas (ações) de atualização da
atração, passa a ter nova trilha sonora a partir desta segunda-feira”.
Mas eis que chega a roda-viva
E carrega o destino pra lá.
Roda Viva já foi proibida uma vez, pelo obscurantismo do golpe.
Não sem antes ter sido alvo de grupos nazistoides que invadiam e depredavam
teatros e agrediam atores da peça que levava o nome da canção.
A roda da saia, a mulata
Não quer mais rodar, não senhor
Não posso fazer serenata
A roda de samba acabou
Chico, outra vez, sai maior deste espetáculo de intolerância
redivivo. Ele ainda tem muito a mostrar, dizer e dar ao povo que moldou o
artista genial.
A gente toma a iniciativa
Viola na rua, a cantar
Alguns dos bajuladores que transformaram o programa em declarações
sabujas à beleza de Temer e ao seu “entender” de romances talvez sintam, no que
ainda lhes sobrar de dignidade, que fizeram um gigante ser trocado por um anão.
Quando a poeira tiver baixado e
o tempo corrigir este equívoco da História, eles e seu anão de estimação
serão nada, e Chico Buarque ainda será um monumento à arte, à
inteligência e à grandeza do povo brasileiro.
Roda mundo, roda-gigante
Roda-moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração
*Por Fernando Brito no Tijolaço
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