Para especialistas, ficou escancarado "a falta de evidências" nas
apurações contra Lula e a relação direta da prisão com o impeachment de
Dilma Rousseff
Foto: Reprodução depoimento de Lula - 10/05/17
Jornal GGN* - "A prisão de Lula tem consequências
muito sérias para a democracia no Brasil. Para mim, tudo se resume a um
uso engenhoso da lei, segundo o qual a ela é usada estrategicamente para
impedir que Lula participe das eleições presidenciais", afirmou a
professora de estudos brasileiros na Universidade de Leeds, Stephanie
Dennison, ao blog Brasilianismo, do Uol.
A análise da especialista não é isolada. De acordo com a
professora, a maioria dos acadêmicos e brasilianistas, geralmente
mulheres que atuam na área de direitos humanos e não tem vinculação com
financiamentos públicos brasileiros, acreditam que a prisão do
ex-presidente terá um impacto grante na democracia do país.
Para Dennison, o que ficou escancarado no processo de investigação
contra o líder petista é "a falta de evidências" nas apurações, o que
repercute não apenas na insegurança jurídica do país, como também no
espaço dado a estes magistrados que assumem lideranças que não são parte
de suas funções na lei.
"A falta de evidências sólidas no caso de Lula aponta não apenas
para o uso da lei, mas um desrespeito aos princípios legais. Estou
impressionada com os múltiplos papéis desempenhados por Sergio Moro
neste processo: investigador, juiz e júri", completou ao blog.
A análise é quase uníssona entre as pesquisadoras estrangeiras
consultadas, entre elas Maite Conde, de Cambridge, Sara Brandellero, da
Universidade de Leiden, na Holanda, Lisa Shaw, da faculdade de
Histórias, Línguas e Culturas da Universidade de Liverpool, e Marieke
Riethof, professora de política latino-americana também em Liverpool,
Jane-Marie Collins, de Nottingham, e Lucia Sa, de Manchester.
A professora de Liverpool que atua em temas da América Latina
enfatizou que independentemente do lado político, direita, esquerda,
centro, prender um candidato às eleições questionará diretamente os
resultados democráticos do pleito eleitoral deste ano, em um contexto de
democracia "já frágil". Por isso, disse ela, "flexibilizar" o princípio
de que governantes devem partir da decisão pública por meio do sufrágio
universal seria muito prejudicial, criando "muita instabilidade
política no futuro", disse Riethof.
Já para Lisa Shaw a prisão de Lula é uma consequência do vem
ocorrendo desde o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. "A prisão
de Lula não pode ser separada do impeachment de Dilma, tão
poderosamente simbolizado pela presença dela ao lado de Lula em seu
discurso na sexta-feira", apontou.
De forma geral, as especialistas analisam que a prisão de Lula se
trata de uma farsa, uma manipulação das leis que se iniciou com a queda
do governo de Dilma. "Finge ser legal, constitucional e para o bem do
povo, mas que é rapidamente revelado como uma farsa completa e meramente
promovendo os interesses dos políticos da oposição e interesses
comerciais", resumiu Dennison.
*Fonte: https://jornalggn.com.br
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