A ENDOGAMIA VERDE-LACERDISTA, A QUATRO DIAS DA URNA
Editorial da Agência Carta Maior: 'O arrastão do conservadorismo jogará todas as cartas nas próximas horas na tentativa de reverter a vantagem de Dilma, na prática ou no imaginário popular. Outros Datafolhas tentarão soprar a torcida pelo segundo turno, hipótese desautorizada nos últimos levantamentos da Sensus e do próprio Ibope.
Objetivamente, o conservadorismo nativo não tem nenhuma proposta, nenhum projeto capaz de mobilizar uma virada estatísticamente colossal, que envolveria a migração oito milhões de votos [leia entrevista de Marcos Coimbra, do Vox Populi, no Viomundo].
Resta-lhe, porém, uma endogamia publicitária apoiada em duas frentes, cujo desfrute mútuo produz efeitos não subestimáveis; a saber: I) soterrar os avanços sociais e econômicos dos últimos oito anos num 'mar de lama' cenográfico, anabolizado pelo dispositivo midiático até o dia da votação; II) usar --o termo é tristemente esse-- 'usar' Marina Silva como glacê verde do udenismo lacerdista, emprestando-lhe um frescor de photoshop que a direita nunca teve neste país e Serra, naturalmente, foi incapaz de suprir.
Sim, a aliança de forças pró-Dilma também inclui remanescentes da direita e centro direita abrigados em partidos aliados. A diferença na história é sempre quem detém a hegemonia do processo. Do lado de Dilma, em última instancia, são os sindicatos operários e os movimentos sociais que concentram uma capacidade de mobilização capaz de fazer a diferença no prato da balança política.
Quando Serra e a mídia atacam o que denominam de 'aparelhismo' do Estado e vociferam contras as 77 conferência nacionais realizadas pelo governo Lula, que mobilizaram mais de cinco milhões de pessoas no país, esse é o seu alvo , ou alguém acredita que a pauta do 'mar de lama' reflete valores éticos do jornal O Globo?
No caso de Marina Silva, cabe indagar para qual margem da disputa hegemônica estão sendo arrastados os votos dirigidos a uma suposta candidatura de 'terceira via', essa dissimulação ideológica que a crise mundial do capitalismo cuidou mais uma vez de desnudar.
Objetivamente, acima de ressentimentos e divergencias superáveis, esse é o quadro sobre o qual o ambientalismo progressista e os democratas devem refletir, a quatro dias da urna.' (Carta Maior e a hora da decisão, 29-09)
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