02 setembro 2010

Serra quer ganhar no 'tapetão'



Acusação é tentativa de virar a mesa da democracia

Porto Alegre/RS - A candidata à presidência Dilma Rousseff classificou hoje como uma tentativa de “virar a mesa da democracia” as acusações feitas por seu adversário José Serra, que tenta vincular o PT à quebra de sigilo na Receita Federal de pessoas ligadas ao PSDB.

Segundo Dilma, o PSDB e seus aliados estão desesperados com a perda de apoio popular e tentam ganhar as eleições “no tapetão”, atentando, assim, contra a estabilidade democrática do país.

“Mas não vão ganhar [no tapetão], porque as acusações são falsas, levianas e sem sustentação jurídica. Eles querem virar a mesa da democracia”, disse Dilma, em entrevista coletiva em Porto Alegre.

A candidata acrescentou que o processo democrático não permite acusações sem provas contra as instituições. “É muito importante perceber que, no processo democrático, pode-se até perder a eleição, mas não a dignidade e começar a sacar contra pessoas ou instituições, subestimando a compreensão do povo brasileiro.”

Antes do embarque para Foz do Iguaçu, onde fará comício esta noite com o presidente Lula, Dilma pediu uma apuração rápida e rigorosa dos fatos pela Polícia Federal e a Receita Federal.

Para ela, o presidente Lula, com seu espírito de justiça e compromisso com a democracia, não deixará que a quebra de sigilo fique sem resposta. Dilma defendeu que as instituições sejam preservadas, mas os envolvidos em irregularidades devem ser responsabilizados.

“Eu me sinto hoje a pessoa mais interessada nas apurações. Quem quer que elas fiquem nebulosas é a candidatura adversária, não a minha. A minha candidatura quer clareza, transparência e apuração até as últimas conseqüências”, disse.
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PT entra com mais três ações judiciais contra Serra e PSDB
Diante da série de acusações nos últimos dias, o Partido dos Trabalhadores decidiu entrar com mais três ações judiciais: duas contra o candidato tucano José Serra e uma contra o presidente do PSDB, Sérgio Guerra. "É mais uma tentativa desesperada dos que não têm argumento e não conseguem enfrentar sua condição eleitoral para tentar reverter o quadro desfavorável", disse o secretário-geral do PT, José Eduardo Cardozo, numa entrevista coletiva na tarde de hoje em Brasília.

A primeira medida é uma representação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), com base no artigo 323 do código que regula as eleições. O crime previsto é imputar fato sabidamente não praticado pelo adversário para atingir objetivos nas eleições. No caso, segundo Cardozo, o Serra e o PSDB sabem que o PT e a campanha de Dilma Rousseff não tiveram qualquer participação na quebra de sigilo de pessoas ligadas aos tucanos, mas assim mesmo fazem acusações.

Cardozo também anunciou a quinta ação judicial nesta eleição contra José Serra por calúnia, difamação e injúria. “É inaceitável que sem nenhuma prova e indícios o PT seja responsável pela quebra de sigilo da filha de nosso oponente ou de qualquer outra pessoa.”

A última medida é a representação na Procuradoria Geral da República (PGR) contra o presidente do PSDB, Sérgio Guerra. Segundo Cardozo, a ação é por crime contra a honra devido às repetidas declarações de Guerra, acusando o PT e Dilma de serem os responsáveis por quebras de sigilo fiscal.

Oposição sem propostas

Para Cardozo, essa é mais uma tentativa desesperada da oposição. Segundo ele, a política do tapetão não cola mais no Brasil, “a população sabe muito bem quem é quem e que o correto nessa hora é discutir propostas e, aquele que é derrotado tenta ganhar na base do tapetão”.

Cardozo lembrou, ainda, que foi o PT quem pediu para abrir o inquérito policial desses fatos. “Enquanto eles falavam e nos acusavam, quem pediu a apuração na Polícia Federal foi o próprio PT. Nós somos os mais interessados em colocar isso em pratos limpos”, disse.

Ele afirmou que aqueles que quebraram o sigilo indevidamente devem ser punidos exemplarmente. “E queremos deixar claro que esses fatos não têm nada a ver com a candidatura de Dilma Rousseff e com o Partido dos Trabalhadores."
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