Após o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) dizer que os médicos
cubanos são ‘escravos’, o jornalista Gilberto Dimenstein foi atrás de
dados para fazer um comparação entre a renda do médico cubano e a renda
dos brasileiros ‘livres’. (E olha que Dimenstein é um jornalista que
acreditava que Sérgio Moro era juiz de verdade!, pelo menos até ganhar
um cargo no governo Bolsonaro).
Dimenstein chegou a conclusão de que os médicos cubanos pertenceriam
economicamente a classe mais rica do Brasil, ou seja, ao 1% mais rico.
Apesar de muito alta, a relação ainda deixou de fora o custo de vida
em Cuba e no Brasil, o que aumenta ainda mais a riqueza do médico
‘escravo’ cubano em relação ao brasileiro ‘livre’.
O jornalista lembra que um médico cubano que vem ao Brasil trabalhar
ganha salário mensal de R$ 3 mil líquidos – ou seja, já descontados os
impostos. Também recebe casa e comida grátis, bancadas pelas perfeituras
brasileiras. “Portanto, a renda líquida do médico cubano giraria no
mínimo em torno de R$ 8 mil. Para um brasileiro ganhar essa renda
líquida seria necessário um salário em torno de R$ 10 mil mensais – o
que o coloca na classe A. Ou seja, os mais ricos”, diz Dimenstein.
Ele lembra que segundo o IBGE, a Renda média do brasileiro foi de R$
1.268 em 2017; “Menos de 1% da população brasileira é rica. Isto
significa que 1,5 milhão de pessoas ganha mais de R$ 8 mil (precisamente
R$ 8.518,04). O salário médio per capita de uma família rica, desde que
as quatro pessoas trabalhem, é de R$ 2.129,51. Ou seja, o “escravo”
cubano faz parte de 1% mais rico do Brasil“, mostra Dimenstein.
Mas isso é só o começo da conversa comparativa entre os
médicos cubanos ‘escravos’ e os brasileiros ‘livres’. O custo de vida em
Cuba chega a ser 10 vezes menor do que o preço do custo de vida no
Brasil. Um salário mínimo em Cuba gira em torno de 30 dólares enquanto
no Brasil é de 265 dólares. Ao levar esser recursos para Cuba, os
médicos ‘escravos’ se tornam ainda mais ricos.
E há mais diferenças: os médicos ‘escravos’ têm as melhores escolas e
faculdades do país e os melhores hospitais e tratamentos gratuitamente.
Ou seja, esse salário de R$ 3 mil em Cuba se torna um super-salário.
Vale lembra que o presidente eleito Jair Bolsonaro votou a favor
da chamada Reforma Trabalhista, que retirou direitos dos trabalhadores
brasileiros que ganham um salário mínimo.
Só para lembrar, um salário mínimo no Brasil não permite pagar nem
plano de saúde e nem escola particular para os filhos. Mas é um valor
que permite ser livre para sonhar que um dia ficarão ricos.
*Via DCM - Publicado originalmente na Carta Campinas*
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