Francamente, não fico impressionado com o festival de asneiras e grosserias contido na entrevista de Jair Bolsonaro a O Globo.
Afinal, o “imbroxável” – como ele se define, humildemente
confessando, porém que anda “meio broxa, sim” – é só um imbecil, como há
muitos pelo país. Por qualquer país, aliás.
O que impressiona é que gente muito mais sofisticada e de
boas-maneiras tenha criado no Brasil condições para que viceje esta
espécie de capim daninho na vida brasileira.
Orgulha-se em dizer que “não entende de economia”, empurra as
respostas para seu “guru econômico” Paulo Guedes e diz que seu papel é
apenas o de “encomendar” o que deseja, como quem pede coberturas numa
pizza:
– (…): inflação baixa, dólar compatível para quem importa e
exporta, taxa de juros um pouco mais baixa e não aumentar mais impostos.
Só pedi coisa boa.
Salário, consumo, distribuição de renda, produção, inserção do Brasil no mundo, defesa do patrimônio nacional? Nada…
Recuperação fiscal ajudada pela taxação de lucros e dividentos (hoje isentos de IR)?
-Aí eu vou para o Posto Ipiranga. Perguntar para o Paulo Guedes. Não tenho vergonha de falar isso não.
Propostas econômicas para resolver o déficit público na casa dos R$
150 bilhões? Economizar palitos: “fundir Agricultura e Meio Ambiente [e]
transformar o Ministério da Cultura só em uma secretaria.”
Como isso não dá nem um centésimo do rombo, sugere ao povo, sem aumento de impostos, “morrer juntos, abraçados”
Poupo-me de continuar elencar o rosário de asneiras, ou de relatar as grosserias que faz na entrevista.
Mas registro que os nossos Calígulas do moralismo têm uma ambição
maior que o Calígula romano, que, reza a lenda, quis nomear seu cavalo Incitatus senador de Roma.
É menos que levar um asno à Presidência da República.
...
*Por Fernando Brito, jornalista - via Tijolaço
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