Novos rumos para a cultura gaúcha
Adeli Sell escreve:
Falar da atual gestão na Cultura seria perda de tempo. É hora de olhar para o futuro. De nada serve entrar em disputas inúteis, que não levam a nada. Nunca me pautei pela grenalização política tão comum no RS em todas as áreas, especialmente na da Cultura.
Não há mais espaço para lutas infindáveis de conceitos mal resolvidos, menos ainda para disputas personalistas. Nenhuma indicação a posto de primeiro escalão é uma unanimidade. Quando participei do governo de Porto Alegre, na área em que atuava sofremos enfrentamentos em vários níveis, mas conseguimos implantar uma política diferenciada e que alcançou os seus objetivos.
No Rio Grande do Sul é preciso ousadia, superação da mesmice, abertura para todas as áreas, sem privilégios; passar por cima dos interesses individuais, daqueles que se fizeram uso de verbas e espaços governamentais, confundindo o público com o privado em benefício próprio ou do seu grupo.
Ao eleger Dilma, o Brasil mostrou que deseja governos democráticos e republicanos. Respeitando nossa Constituição, o Estado deve ser laico, aberto à pluralidade; ao combater o machismo, ser feminista sem preconceitos. Democracia e pluralidade significam derrubar a cerca que divide a cultura das belas letras e a cultura popular, respeitando diferentes linguagens, expressões e manifestações. Uma cultura que reflita o multiplicidade que nos constitui. Cultura deve ser cultura, sem adjetivações.
Há grandes expectativas com o governo Tarso Genro e a indicação de Luiz Antonio de Assis Brasil como secretário da Cultura. Na Sedac, Assis Brasil enfrentará o desafio de escolher pessoas que possam desenvolver seu trabalho com os diferentes segmentos, com respaldo e respeito ao acúmulo construído por estes. A fênix, que esperamos rebrote das cinzas deixadas pelo atual governo, deve ter todas as cores e a sabedoria do conhecimento, experiência, trajetória e inserção.
Caberá à nova Sedac trabalhar a necessária transversalidade, já anunciada pelo novo governo. Cultura não é um feudo isolado, é preciso criar linhas diretas e projetos conjuntos com o turismo, meio ambiente, educação, saúde, trabalho, direitos humanos...
Esperamos sinceramente que em cada área da cultura se valorize o que há de positivo, bem como valorize os seus agentes. Que com isto possamos enterrar longo período de compadrios, mesmice e mediocridade na cultural do Rio Grande do Sul.
* Adeli Sell é professor, vereador e presidente do PT-POA
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