16 janeiro 2011

Terra Plana



*Geraldo Vandré - Terra Plana/Companheira/Maria Rita


Terra Plana

Me pediram pra deixar de lado toda a tristeza

Pra só trazer alegria e não falar de pobreza.

E mais:

Prometeram que seu cantasse feliz, agradava com certeza.
Eu, que não posso enganar,

Misturo tudo o que vi.

Canto sem competidor, partindo da natureza do lugar onde nasci.

Faço versos com clareza:

A rima, belo e tristeza

Não separo dor de amor.

Deixo claro que a firmeza do meu canto

Vem da certeza que tenho

De que o poder que cresce sobre a pobreza

E faz dos fracos riqueza

Foi que me fez cantador.

Meu sinhô, minha sinhora...
Vou indo esse mundo a fora

Num canto que é tão valente,

E mesmo se está contente

Fala sempre, a toda hora,

Quase num tom de quem chora.

Eu sou de uma terra plana

De um céu fundo e um mar bem largo

Preciso de um canto longo

Pra explicar tudo o que digo

Pra nunca faltar comigo

E lhe dar tudo o que trago.

Meu sinhô, minha sinhora
Aos pés de muitas igrejas

Lá você vai encontrar

Esperança e caridade,

Querendo se organizar.

Mil cegos pedindo esmola

E a terra inteira a rezar.

Se um dia eu lhe enfrentar,

Não se assuste, capitão,

Só atiro pra matar

E nunca maltrato não.

Na frente da minha mira não há dor nem solidão.

E não passo de um castigo que a Deus

Cabe castigar

E se não castiga ele,

Não quero eu seu lugar.

Apenas atiro certo,

Na vida que é dirigida

Pra minha vida tirar...

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