Por Pedro Breier*
A candidatura Fernando Haddad abriu seu primeiro programa eleitoral
do 2º turno denunciando a onda de violência fascista dos últimos
dias. Foi acertada a exibição do vídeo de Bolsonaro falando em
“metralhar a petralhada” [foto]. Tornou evidente a conexão do discurso de ódio
do candidato com o surto de ataques.
Depois da denúncia, o programa focou-se nas realizações de
Haddad no Ministério da Educação e na prefeitura, bem como nas
propostas. A aparição pontual de Lula indica que a campanha deve mesmo
focar mais em Haddad, embora não deixando Lula de lado.
Haddad ainda mencionou as fake news do Whatsapp, além de fazer a defesa da democracia em mais de um momento.
Foi um bom programa o da candidatura do PT. É provável – e
recomendável – que o PT explore, nos próximos dias, a fuga de Bolsonaro
dos debates.
O programa de Jair Bolsonaro iniciou de forma grotesca: “denunciando”
o Foro de São Paulo. As teorias malucas do Olavo de Carvalho atingiram
um público inédito, hoje.
Logo no começo do programa, uma fala de Lula é reproduzida como se
fosse algo extremamente grave. O ex-presidente diz que a esquerda de
todos os países que participaram do Foro chegou ao poder. Só isso. Uma
simples constatação de Lula é pintada como algo perverso. Bizarro.
Logo na sequência, o locutor manda um “Cuba é o país mais atrasado do
mundo”, o que é uma evidente mentira descarada, vide, para ficar apenas
em um exemplo, na medicina avançadíssima do país.
O programa explorou as prisões de petistas feitas pela Lava Jato e,
logo após, mergulhou num anticomunismo alucinado, criticando até a cor
vermelha. É positivamente ridículo dizer que o PT, um partido de centro
esquerda moderado, tem alguma coisa a ver com comunismo. O triste – e
trágico – é que muita gente acredita nessa baboseira.
Não faltou o momento família, uma tentativa de humanizar o candidato.
Ele falou bastante sobre a relação com sua filha. O alvo é o voto
feminino, grande dificuldade de Bolsonaro.
Sobraram referências ao combo Deus, família e pátria, típico de movimentos autoritários de direita.
No final, Bolsonaro simplesmente se entrega:
'Precisamos sim de políticos honestos e patriotas. E, mais do que tudo, um governo que saia do cangote da classe produtora.'
O candidato fala em “classe produtora” se referindo aos empresários.
Repararam no mais do que tudo?
O governo “sair do cangote dos empresários” significa a retirada de
direitos trabalhistas para que a taxa de lucro dos empresários se
mantenha ou cresça, mesmo durante a crise. Essa é a receita da direita
para ajudar os (grandes) empresários: rebaixar as condições de vida dos
trabalhadores.
Sobre o drama dos trabalhadores brasileiros, que sofrem com o
desemprego e a queda na renda por causa da crise, Bolsonaro não deu uma
palavra. Zero.
O PT propõe aumentar o poder de compra da população e fazer a roda da
economia girar, o que ajuda os pequenos e médios empresários ao mesmo
tempo em que melhora a vida dos trabalhadores.
Não é evidente qual é a melhor proposta para o país?
*Advogado e midioativista - Via Blog O Cafezinho
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