30 outubro 2018

Tempestade





Na confusão do mais horrendo dia,

Painel da noite, em tempestade brava,

De fogo e ar o ser se embaraçava,

De terra e ar o ser se confundia. 


Bramava o mar, o vento embravecia, 

A noite em dia, enfim, se equivocava, 

E com estrondo horrível se assombrava 

A terra, e se abalava, e se estremecia... 


Desde os altos aos côncavos rochedos,

Desde o centro aos mais altos obeliscos,

Houver temor nas nuvens e penedos; 


Pois dava o céu, ameaçando riscos,

Com assombros, com pasmos e com medos,

Relâmpagos, trovões, raios, coriscos... 


                       Gregório de Matos Guerra


Do livro: Os cem melhores sonetos brasileiros, Livraria Freitas Bastos, 4ª ed., 1941

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