Coluna Crítica & Autocrítica - nº 149
19.01.2019
Por Júlio Garcia**
*“De onde menos se espera, daí é que não sai nada” já dizia o Barão de Itararé
(pseudônimo do escritor e brilhante humorista gaúcho Apparício Fernando
de Brinkerhoff Torelly). Pois, então, não nos causou surpresa a série
de cabeçadas dadas nestas primeiras duas semanas do governo (?!!!)
presidido pelo ex-capitão Jair Bolsonaro, com suas idas e vindas,
afirmações e desmentidos – inclusive por seus subordinados. Seria
cômico, não fosse trágico...
*Conforme
escreveu o jornalista Carlos Fernandes (no site DCM, repostado no
Portal o Boqueirão Online) “Os recuos de Bolsonaro, além de despreparo,
demonstram fraqueza política”. Disse mais: “diante tudo, ironia das
ironias, fica claro que as únicas medidas louváveis que fez até agora
foi justamente voltar atrás daquilo que um dia pretendeu fazer.
Bolsonaro, por assim dizer, em apenas 14 dias de governo chegou à
impressionante situação política em que se pode afirmar que é um
presidente que faz mais e melhor justamente quando não faz nada e deixa
tudo como já estava. É realmente um mito.”
...
*Nesse
sentido, para ater-me apenas a um dos deprimentes episódios
protagonizados recentemente por Bolsonaro, registro aqui o infeliz
decreto que libera a posse de armas de forma quase indiscriminada no
Brasil - e que trará, no seu caudal, seguramente, mais violência,
insegurança e assassinatos. A propósito disso, escreveu o jornalista
Fernando Brito em seu prestigiado Blog Tijolaço (repostado por mim num
dos blogues que edito). O título da postagem é “A vergonha dos
vencedores”. Leiam a seguir ... e façam suas avaliações:
“O
decreto da liberação da posse de armas – segundo Bolsonaro, apenas um
aperitivo, “apenas o primeiro passo”, para franquear o acesso
generalizado a armamento para a população – não pode ser julgado apenas
no campo político.
É um retrocesso civilizatório que nos custará muitas vidas e muitos anos para reverter.
Não fosse isso, diria que foi a derrota política inaugural de Jair Bolsonaro.
É
algo que, mesmo antes das tragédias anunciadas que irá produzir, só
encontrou apoio incondicional em seus adeptos mais radicais.
A classe média, sempre tão feroz na teoria, passa a viver o medo de que o seu vizinho de porta tenha uma, duas, várias pistolas.
Ou
o caixa da padaria. Ou o dono da quitanda, que você andou chamando de
ladrão por cobrar 10 reais no quilo do tomate. Ou o inspetor da escola
dos filhos.
Os
neoliberais “cult” não tiveram peito de defender e o próprio Sérgio
Moro fez questão de ficar nas sombras no anúncio da “grande conquista”,
mesmo sendo, agora, o responsável pela Segurança Pública.
A
comparação dos perigos oferecidos por uma arma de fogo com os riscos de
um liquidificador, feita pelo sempre energúmeno Ônyx Lorenzoni ofende a
inteligência de um asno.
Os vencedores estão envergonhados.
Só o núcleo selvagemente fascista celebra, e olhe lá.”
...
*Para finalizar, deixo aqui mais uma interessante frase do Barão de Itararé: “Sábio é o homem que chega a ter consciência da sua ignorância” –Parece óbvio que isso não vale para Bolsonaro, nem para a maioria de seus ministros, assessores e apoiadores...
*“Poderia ser cálido?”
...
**Júlio
César Schmitt Garcia é Advogado, Pós-Graduado em Direito do Estado,
Poeta e Midioativista. Foi um dos fundadores do PT e da CUT. - Publicado
originalmente no Jornal A Folha (do qual é Colunista) em 18/01/2019.
*Via Portal O Boqueirão Online (coluna escrita antes das últimas maracutaias bombásticas produzidas pela 1ª famiglia - e seu laranjal - virem à tona...)
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