Por Júlio Garcia**
*Como
um pálido raio de sol que surge em meio a tempestade, a decisão do STF
(que, na verdade, não tinha outra alternativa, por absoluta inexistência
de provas) de absolver a senadora Gleisi Hoffmann (PT/PR), acusada
levianamente de ter realizado supostas ‘irregularidades’ nas
arrecadações relativas a última campanha eleitoral, mostrou que – apesar
de todo o retrocesso que estamos vivenciado no nosso maltratado país –
‘o jogo ainda não acabou’. A luta, portanto, segue: nas ruas, no
parlamento, no judiciário...
*Conforme
tenho denunciado neste espaço, lamentavelmente o Brasil está –
notadamente após o golpe de 2016, com a parcialidade/seletividade
evidente do judiciário, do MP, da PF e a decisiva participação da mídia
conservadora partidarizada -, submetido a um verdadeiro Estado de
Exceção.
*Com
a democracia e a Constituição vilipendiadas, arbitrariedades de todo
tipo e condenações sem provas não constituem mais novidades. Por isso, é
importante saudarmos – após tantos reveses – a vitória judicial (e
política!) obtida esta semana pela senadora Gleisi e seu esposo, o
ex-Ministro Paulo Bernardo. Não é pouca coisa, convenhamos!
*Nesse
sentido, reproduzo abaixo a carta enviada pelo presidente Lula a
companheira Gleisi desde a sede da PF de Curitiba, onde ele encontra-se
injustamente detido (preso político, como é sabido), mas que não abdicou
de acreditar que a justiça – que, mais cedo, mais tarde, acabará se
impondo (como esperamos ocorra em relação a ele próprio, através do
sucesso do recurso impetrado por sua defesa, que está para ser julgado
na próxima terça-feira, dia 26/06):
"Querida companheira Gleisi Hoffmann,
Recebi
com muita alegria a notícia de que o STF, por unanimidade, declarou
você e o companheiro Paulo Bernardo inocentes, perante as falsas
acusações da Lava Jato e da Procuradoria Geral da República.
As
mentiras dos delatores e dos procuradores eram tão evidentes que não
havia outra decisão possível, apesar da imensa pressão da Rede Globo
para condená-la.
Foram
quase quatro anos de notícias falsas e parciais. Nunca levaram em conta
os argumentos da defesa nem as contradições entre os depoimentos dos
delatores, que mudavam de versão cada vez que suas mentiras eram
derrubadas pelos fatos e pela investigação.
E
você enfrentou toda essa pressão com a indignação dos inocentes e a
coragem dos que lutam pela verdade e pela justiça. Você é forte, sempre
esteve ao lado do povo, é a presidenta do Partido dos Trabalhadores. É
por isso que eles tentaram te destruir numa farsa judicial.
No
julgamento dessa terça-feira, sua defesa mostrou que a Lava Jato
construiu uma denúncia falsa a partir de depoimentos negociados com
criminosos, em troca de benefícios penais e até financeiros.
E
pela primeira vez o STF reagiu claramente diante da indústria das
delações em um caso concreto, desmoralizando o discurso e a prática da
Lava Jato.
Sua
absolvição, conquistada por unanimidade, diz muito sobre sua
integridade e a reputação como pessoa honesta e líder na política.
Mais
do que isso, foi uma importante vitória da democracia e do estado de
direito sobre os que vêm tentando impor um regime de exceção contra o PT
e as forças populares e democráticas mais expressivas do país.
E
agora me pergunto: quem vai te pedir desculpas por quatro anos de
acusações falsas, de manchetes nos jornais e na Rede Globo, que tanto
sofrimento causaram a você, sua família, seus amigos e companheiros?
Nada
espero dos que te acusaram falsamente. Mas tenho certeza de que o povo
brasileiro saberá reconhecer seu exemplo de coragem e integridade para
enfrentar a máquina de mentiras da Lava Jato e da TV Globo.
E assim, de vitória em vitória, vamos reconstruir este país e restaurar a esperança na democracia, na justiça e na igualdade.
Salve companheira Gleisi, salve companheira inocente!
A verdade sempre vencerá!
Um grande abraço do Lula"
...
*Esperamos,
agora, que a Segunda Turma do STF não se intimide pela pressão dos
golpistas – do tucano juiz Moro e da Globo, principalmente – e julgue o
pedido de liberdade (efeito suspensivo da execução da pena enquanto os
recursos não são julgados nas instâncias superiores) do presidente Lula
com um mínimo de isenção. Que seja fundamentada a decisão pelo que
consta nos autos – e não em ‘convicções’ tendenciosas e delações
mentirosas articuladas por setores antipetistas do MP/PF com criminosos
confessos. A ver....
...
**Advogado, Assessor Parlamentar, Midioativista. Foi um dos fundadores do PT e da CUT. - Publicado originalmente no Jornal A Folha (do qual é Colunista), em 22/06/2018
***Via Portal O Boqueirão Online
E.T.: A Coluna acima foi escrita ANTES da 'tabela' feita ontem pelo TRF-4 com o min. Fachin, do STF, que resultou na recusa do pedido da defesa do ex-presidente Lula, que seria julgado na próxima terça-feira. -O golpe segue. Alguma surpresa?!!!
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