07 junho 2018

Os autores

PSDB, MDB, PR, PPS e DEM não devem menos autocrítica do que ninguém 

Por Janio de Freitas, na FSP*

Cobrar autocrítica do PT tornou-se hábito incorporado à política, mas convenhamos que PSDB, MDB, PR, PPS e DEM são tanto ou mais devedores de autocrítica do que o PT. O período Collor foi dado como insuperável. Vê-se que não era. A pilantragem dos seus PCs Farias e o grau de incompetência que esbulhou a população estão superados. O Brasil que vemos e não temos foi jogado na condição mais vergonhosa a que um país indecente pode chegar. Uma situação que, como todas, tem autores.

O Brasil atual é o resultado da decisão de entregar as formalidades e oportunidades malandras do poder a Michel Temer, que além de fraco ficaria dependente da turma poderosa no Congresso. PSDB à frente, e o derrotado e ressentido Aécio Neves à frente do PSDB, a fila de aderentes ao plano andou depressa.

O MDB de Eduardo Cunha e Michel Temer vislumbrou sua entrada em uma espécie de Banco do Brasil milhares de vezes maior do que o verdadeiro. O PPS comportou-se como o mero ramal do PSDB, que é há anos. E os gananciosos DEM e PR engrossaram a tropa para a derrubada do adversário que, menos ainda do que os outros dois, não venceram nem venceriam na legitimidade das urnas.

Por quanto milhões o chefe Aécio Neves vai responder à Justiça? Nem a Polícia Federal e os procuradores da República sabem, porque não fizeram as convenientes investigações no Rio. A Lava Jato parece satisfeita com a gravação de Aécio tomando R$ 2 milhões de Joesley Batista e com os R$ 54 milhões delatados como suborno por obra em Minas. Aécio já foi visitar na confortável prisão o seu antecessor como presidente do PSDB, Eduardo Azeredo, cocriador e aproveitador do esquema batizado de mensalão? Conviria ver.

Especulações sobre o que seria o país com a permanência de Dilma não têm cabimento. Mas é comprovável que a obra daqueles partidos, e portanto de seus chefes, consistiu em entregar a própria Presidência da República a gente que precisa de apartamento para acumular o dinheiro extorquido por meio do poder. E a enriquecidos por fraudes em concorrências públicas de grandes obras no Rio. A asseclas de Eduardo Cunha. E a formuladores de "reformas" vendidas a interesses próprios e a futuros ganhos no empresariado.

Delas dá exemplo a "reforma trabalhista" que motivou, há dias, a inclusão do Brasil nos 28 "países violadores das Convenções Internacionais do Trabalho", ao estabelecer, com apoio daqueles partidos, a validade de acordos patrão/empregados contra as leis.

Nenhum ocupante da Presidência foi objeto ou coadjuvante de tantos inquéritos e processos quanto os que Michel Temer acarreta ao Planalto, transmitindo indignidade à própria Presidência da República. O cinismo da custosa propaganda de seu governo compromete até a publicidade.

A desordem motivada pelo preço do diesel tem de particular apenas a sua visibilidade e a de parte dos prejuízos decorrentes. A desordem invisível é a mesma, e corrói o país por dentro da administração.

A roubalheira-gigante agora constatada no Ministério do Trabalho, controlado por Roberto Jefferson e seu PTB, é só a mais recente revelação. Coincidente com os milhões coletados pelo coronel de confiança de Michel Temer.

Autocrítica por autocrítica, PSDB, MDB, PR, PPS e DEM não a devem menos do que ninguém. A situação atual do Brasil é criminosa, decorre de crime contra as instituições e a democracia incipiente. E tem autores.

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