“Somos os filhos de 500 anos de batalhas” – Hugo Chávez
Presidente Hugo Chávez é o favorito na Venezuela
Caracas/Venezuela - Centenas de milhares de venezuelanos reafirmaram nesta quinta-feira o
seu apoio ao candidato da revolução bolivariana, Hugo Chávez.
“Sim, podemos ajudar o mundo/ mudar a história em um segundo/ a ajuda
te fará crescer/ teu coração é bom/ se és um líder da vida/ mudar o
mundo é alegria/ está na moda fazer o bem/ eu não sou Deus para te dizer
o que fazer/ o que sei é que juntos vamos vencer/ e vamos salvar o
mundo/ vive a tua vida/ dê a ela alegria/ escute bem o que estou
dizendo/ sem barreiras ao sentimento, Chávez coração do povo”.
A música símbolo da campanha à reeleição de Hugo Chávez à presidência
da Venezuela embalou a multidão que tomou completamente a Avenida
Bolívar e transbordou para suas principais vias de acesso, na tarde
desta quinta-feira. Mas foi exaltando a bravura do povo venezuelano que
Chávez entrou no palco. Entoando o hino da Venezuela cantado à lapela e
com um coral de centenas de milhares de pessoas que lotaram sete
avenidas de Caracas – Bolívar, Universidad, México, Lecuna, Fuerzas
Armadas, Urdaneta e Baralt -, Chávez conseguiu realizar uma mobilização
jamais vista em termos de quantidade de manifestantes neste espaço,
visivelmente superando mobilização feita por Henrique Capriles no
domingo, em seu último comício na capital.
Exaltando o bom combate pelo humanismo e a solidariedade, a festa
logo foi convertida em carnaval, com o vermelho vencendo o cinza das
nuvens que trouxe a chuva implacável. Apesar do boato espalhado pela
oposição, de que a militância bolivariana estaria sendo paga para
comparecer ao comício, na rua era possível ver a alegria de um povo que
acredita no processo de mudanças que está sendo implementado no país.
Apesar do pé d’água, efeito do “cordonazo de San Franciso” – fenômeno
climatico que, segundo a sabedoria popular venezuelana, costuma se
repetir no dia de São Francisco de Assis –jovens, idosos, pais e mães
com crianças de colo não arredaram o pé.
Lá estavam manifestantes para apoiar o candidato das missões sociais e
da valorização do salário mínimo, que enfrentou o locaute petroleiro e
golpe de Estado, para vencer o velho projeto neoliberal e privatista –
representado dessa vez pela candidatura do oposicionista Capriles.
Assim, lembrando o santo que abdicou de sua riqueza para servir aos
pobres, Chávez minimizou o efeito da chuva: “fomos banhados pela água
bendita do ‘cordonazo’ de São Francisco”.
Caracas se fez pequena
No alto de um dos tantos caminhões de som espalhados pelas proximidades
do palanque central, em vias onde posteriormente Chávez passou, acenando
e cumprimentando as pessoas, lentamente em carro aberto, casais
dançavam e sorriam, tendo ao fundo uma coleção de novos prédios em
construção, frutos do projeto Gran Missión Vivienda e gigantescos
guindastes, numa fotografia do que é a Venezuela atual.
Em contraposição ao discurso do ódio que destila a candidatura de
Capriles, apoiada pelos Estados Unidos, o líder bolivariano exortou a
multidão a fortalecer o caminho do amor e da união “em defesa da
Pátria”. Chávez ressaltou que unidade e mobilização são fundamentais
para acelerar o desenvolvimento “e abrir os portões do futuro que
conquistamos”.
O presidente resgatou a história de Guacaipuro, líder indígena que
comandou as tribos teques e caracas contra o colonizador espanhol, como
um dos símbolos da determinação dos venezuelanos de não se submeter:
“graças a Deus, graças a vocês, esta batalha contra a dominação tem mais
de 500 anos. Todos somos Guacaipuro e todos ecoamos seu grito de guerra
contra o império espanhol. Temos raízes na resistência aborígene,
indígena e negra, que impulsionam a luta dos explorados de sempre em
defesa de uma terra de homens e mulheres livres”, acrescentou.
Lembrando a trajetória de combate dos primeiros patriotas contra o
colonialismo, Chávez ressaltou que o povo venezuelano honrará sua
trajetória nas urnas, no próximo domingo, 7 de outubro. “Somos resultado
de uma longa jornada. Somos os filhos das colunas guerrilheiras, seu
coração e seus braços. Somos os filhos de 4 de fevereiro [data do
levante popular contra o desgoverno de Carlos Andrés Perez. Somos os
filhos de 500 anos de batalha e de luta pela libertação”, disse.
“Saímos de uma morte coletiva e agora, que a Venezuela ressuscitou e a
Pátria vive, não vamos permitir que voltem a aniquilar o nosso país.
Nas nossas mãos não se perderá a vida da Pátria. Meu próximo governo
inicia já no próximo 8 de outubro”, exaltou, levando a multidão ao
delírio.
Embora seja um lago de petróleo inundado por petrodólares, lembrou
Chávez, a Venezuela era um país faminto, onde o povo não tinha emprego,
salário decente, educação nem moradia digna. “Nós baixamos o desemprego
de 20% para 7% e vamos, em seis anos, garantir o pleno emprego. Nós
construímos 22 universidades públicas nos últimos dez anos e vamos criar
mais 10 nos próximos seis. Somos o quinto país com mais universitários
matriculados no mundo e caminhamos para ser o primeiro”, acrescentou.
Contra o imperialismo
Há 13 anos comandando a revolução bolivariana,Chávez faz uma autocrítica
do processo que vem sendo consolidado por ele: “tenho cometido erros,
mas quem não erra?”, perguntou, para logo emendar: “mas falhei com vocês
no 4 de fevereiro? – quando arriscou sua vida em defesa do povo
venezuelano – Falhei quando enfrentei a prisão? Por acaso Chávez se
vendeu à burguesia? Se dobrou ao imperialismo?”, questionou o
presidente, com a multidão respondendo em coro: “Não”.
Em meio a um mar de aplausos, sorrisos e lágrimas, o presidente
encerrou o ato convocando a todos a trabalharem como “formiguinhas para
que não fique ninguém sem votar no domingo”. Diante da magnitude do
enfrentamento com a reação de direita pró-EUA e seus conglomerados
midiáticos, o presidente venezuelano exortou a militância chavista do
Comando Carabobo – mesmo nome da batalha decisiva que abriu caminho à
derrota definitiva do exército espanhol – a não se deixar tentar pelo
triunfalismo.
Como o voto não é obrigatório, o dirigente bolivariano conclamou aos
venezuelanos para que se mobilizem a fim de que haja “uma avalanche de
votos” e se esmague qualquer tentativa contra a democracia no país.
“Viva a Venezuela! Viva Bolívar! Até a vitória sempre”, concluiu. (por Leonardo W. Severo e Vanessa Silva)
*Via O Escrevinhador http://www.rodrigovianna.com.br/
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