Por Fernando Brito*
Na análise que faz do debate entre os candidatos a Presidente, hoje,
a coluna de Miriam Leitão, imagina-se com que dor no coração, admite
que, “Lula venceu o debate por uma espécie de W.O. às avessas“, por não ter sido apontado como responsável pelas desgraças que vive o país.
Faltou chamar, diretamente, de incompetentes aos outros candidatos, o
que se explica, talvez, pela crista lhe ande baixa, depois do vexame a
que foi submetida por seus patrões ao ler, repetindo o que lhe ditavam
ao ouvido pelo “ponto” eletrônico, sobre as relações entre a Globo e a
ditadura, após a entrevista de Jair Bolsonaro.
Fechado numa cela em Curitiba, mantido pelo PT como o candidato ficcional, [Lula] não teve seu legado atacado.
Como disse José Serra em 2010: que bobagem, Miriam!
Certamente acostumados às conversas em salões de restaurantes e salas
de embarque de aeroportos, onde Lula é considerado algo como um
demônio, D. Miriam e seus auxiliares, julgando-se mais inteligentes que
todos ali, não conseguem entender o óbvio: não citaram Lula porque a
única forma de “matá-lo”, politicamente, é o silêncio.
Evocar Lula, fora daqueles ambientes de classe média insuflada de
ódio, é evocar a lembrança da população de que este pode ser um país
menos injusto e mais próspero, exatamente o contrário do que a ele
fizeram rezando pela cartilha dos “Cabos Daciolo do Mercado”, que
proclama que a salvação virá da livre iniciativa, apenas.
Como são “candidatos de faz-de-conta”, que só têm alguma chance
eleitoral com a exclusão de Lula da disputa, o lógico e o natural é que
esmerem-se em fazer de conta que Lula não existe.
Não é por outra razão que Lula teve de dar uma clarinada, lá de
Curitiba, para que Haddad e Manuela D’Avila se exponham mais. Quer e
precisa frustrar o plano de excluí-lo da polêmica pelo silêncio, pelo
isolamento na Sibéria de Curitiba.
Os altos estrategistas da direita brasileira sabem disso, mas têm
dificuldades em conter o ódio e o ressentimento com que seus porta-vozes
crocitam e que os torna obtusos ao ponto de reconhecer-lhe apenas um
mérito, o de “não destruir, no primeiro mandato, a herança que recebeu”
de Fernando Henrique Cardoso.
E, ao contrário do que fizeram os microcandidatos no debate,
não entende que, para o sistema, eles são a mais perfeita tradução do
que disse Fernando Henrique Cardoso: “é o que temos”.
Depois D. Miriam não reclame se, de novo, forem lhe dizer o que falar pelo ponto eletrônico.
*Jornalista, Editor do Tijolaço
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