Por Antonio Mello*
Nosso maior dramaturgo, Nelson Rodrigues, não era um homem da praia, da
zona sul. Ele gostava da zona norte do Rio, "onde ainda há o suicídio
por amor, onde ainda se morre e mata por amor". Mais adiante, chegou a
ter uma nostalgia, reclamando que já não havia mais suicídios por amor.
Nelson Rodrigues morreu em 1980, não chegou a conhecer Ciro Gomes, que nessa época era estudante de Direito no Ceará. Porque Ciro é um desses personagens rodrigueanos, que tocam figo no próprio corpo em praça pública.
Há alguns anos, em meio à disputa presidencial, Ciro deu uma declaração mortal sobre a importância de sua mulher (na época a atriz Patrícia Pilar) em sua vida, dizendo que o papel dela "é dormir comigo".
Agora, mais uma vez, tendo fracassado em todas as investidas que fez para aumentar o poder de fogo de sua candidatura, vendo fechadas as portas do Centrão e do PSB, Ciro resolve atear fogo às vestes e atacar o PT.
Publica em sua página no Facebook um texto ironicamente chamado "Muita Calma Nessa Hora", em que mete o sarrafo numa tal "burocracia do PT", a partir de opiniões que leu na mídia corporativa. Do texto, que pode ser lido na íntegra aqui, que printei aqui, destaco os trechos a seguir:
Lá pelo meio de seu desabafo, ele afirma: " Em nenhuma hipótese é o PT o nosso inimigo!".
OK. Se não é o inimigo, por que atacá-lo? Como Ciro pode dizer que é uma tal burocracia do PT que defende a candidatura Lula, se o próprio Lula se declara candidato toda vez que tem oportunidade de fazê-lo? Se Lula mandou Haddad lançar até linhas gerais de seu futuro governo (veja um vídeo produzido pelo blog do Mello sobre esse projeto de Lula aqui)?
Só se Ciro acha que o que Lula diz não é o pensamento de Lula, mas da "burocracia do PT", que faria a cabeça de Lula.
Só se Ciro Gomes vê em Lula um Sassá Mutema, personagem de Lauro César Muniz, um boia-fria ignorante, que é manobrado por políticos e se elege prefeito de uma pequena cidade.
Personagem rodrigueano, Ciro deveria ler "A Mulher sem pecado", primeira peça de Nelson, e ver se exorciza o Olegário que traz em si, um homem obcecado pelo ciúme, que acaba incitando o desejo e a traição em sua mulher sem pecado.
Não é o Centrão, nem o PSB, nem a "burocracia do PT", mas o próprio Ciro o causador de suas desgraças. E não é de hoje.
Nelson Rodrigues morreu em 1980, não chegou a conhecer Ciro Gomes, que nessa época era estudante de Direito no Ceará. Porque Ciro é um desses personagens rodrigueanos, que tocam figo no próprio corpo em praça pública.
Há alguns anos, em meio à disputa presidencial, Ciro deu uma declaração mortal sobre a importância de sua mulher (na época a atriz Patrícia Pilar) em sua vida, dizendo que o papel dela "é dormir comigo".
Agora, mais uma vez, tendo fracassado em todas as investidas que fez para aumentar o poder de fogo de sua candidatura, vendo fechadas as portas do Centrão e do PSB, Ciro resolve atear fogo às vestes e atacar o PT.
Publica em sua página no Facebook um texto ironicamente chamado "Muita Calma Nessa Hora", em que mete o sarrafo numa tal "burocracia do PT", a partir de opiniões que leu na mídia corporativa. Do texto, que pode ser lido na íntegra aqui, que printei aqui, destaco os trechos a seguir:
"A violência e o grosseiro equívoco desta atitude [acordo com PSB] da cúpula do PT..." "Compreendamos com humildade e paciência o péssimo momento que a burocracia do PT está vivendo. Já não é mais política, é religião, culto à personalidade, pragmatismo da cúpula de uma organização que parece não querer aprender mais nada." "A cúpula do PT terá de se haver perante a história com as consequências de seus atos de agora." "A viagem lisérgica da burocracia do PT tem data para acabar: pretendem enganar a boa gente que adora o Lula, com muitas razões, volto a repetir, de que ele será candidato." "Não deixarão Lula ser candidato! Até as pedras do caminho sabem disso! Pior, a burocracia do PT também sabe muito bem disso. Ou seja, é para bailar à beira do abismo que os burocratas do PT convidam a Nação Brasileira."
Lá pelo meio de seu desabafo, ele afirma: " Em nenhuma hipótese é o PT o nosso inimigo!".
OK. Se não é o inimigo, por que atacá-lo? Como Ciro pode dizer que é uma tal burocracia do PT que defende a candidatura Lula, se o próprio Lula se declara candidato toda vez que tem oportunidade de fazê-lo? Se Lula mandou Haddad lançar até linhas gerais de seu futuro governo (veja um vídeo produzido pelo blog do Mello sobre esse projeto de Lula aqui)?
Só se Ciro acha que o que Lula diz não é o pensamento de Lula, mas da "burocracia do PT", que faria a cabeça de Lula.
Só se Ciro Gomes vê em Lula um Sassá Mutema, personagem de Lauro César Muniz, um boia-fria ignorante, que é manobrado por políticos e se elege prefeito de uma pequena cidade.
Personagem rodrigueano, Ciro deveria ler "A Mulher sem pecado", primeira peça de Nelson, e ver se exorciza o Olegário que traz em si, um homem obcecado pelo ciúme, que acaba incitando o desejo e a traição em sua mulher sem pecado.
Não é o Centrão, nem o PSB, nem a "burocracia do PT", mas o próprio Ciro o causador de suas desgraças. E não é de hoje.
*Editor do Blog do Mello, fonte desta postagem.
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