Por Fernando Brito*
Insuspeita de “esquerdismos”, a colunista Vera Magalhães, do Estadão, foi precisa ao comentar a “performance” de Sérgio Moro no Roda Viva, com o seu companheiro de ocaso Augusto Nunes.
“Seu verdadeiro intento (de Moro) ali
era fazer aquilo que disse na primeira resposta que não faria: ser
censor do STF, pressionar a corte a não rever sua jurisprudência que
autoriza prisão após condenação em segunda instância nem conceder habeas
corpus para Lula.”
Ponto.
Claro que ele preferiria que, negado o habeas corpus, o programa
pudesse servir para exibir-se como um pavão, anunciando a prisão de
Lula. Coisa que um juiz minimamente sóbrio jamais faria.
Os planos mudaram e ele apelou para a técnica da fábula da raposa e
do corvo, onde os elogios da primeira só visavam que o pássaro abrisse o
bico e lhe deixasse cair o queijo.
Coisa de gente torpe.
Mas em um momento, ao espalhar sua pretensão de, além de dar
conselhos ao STF, ao eleitor e até a quem vier a ser o novo presidente
da República, Moro escorregou e confessou que prega uma decisão judicial
que desrespeita a Constituição.
Foi quando sugeriu que “o
próximo presidente da República proponha uma emenda constitucional para
colocar na Carta Magna do país a prisão após condenação em segunda
instância“.
Ora, se é preciso uma emenda para colocar na Constituição, é porque não está lá. E se não está, não pode ser feita.
Houve outros pontos no programa que seriam importantes se Sérgio Moro
tivesse algum apreço pela verdade, como a recusa em admitir que pediu
desculpas – da boca para fora, como se vê – ao Ministro Teori Zavascki
pela divulgação ilegal dos áudios de Dilma Rousseff. Mas isso, depois da
condenação de Lula por ser dono de um apartamento que nunca foi seu,
francamente, é como esperar que bananeira dê jacas.
Essencial e argumento demolidor contra a prisão antes do trânsito em
julgado de sentenças é sua confissão de que isso precisa ser incluído na
Constituição que hoje o proíbe.
O que o torna, a ele e aos juízes que a legitimarem, contrários à lei maior do país.
*Jornalista, Editor do Blog Tijolaço (fonte desta postagem)
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